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domingo, dezembro 17, 2006

Carrascoza (O volume do silêncio)

Não demorou, o pai se ergueu, disse, Daqui uma semana volto pra te buscar, e o abraçou. O menino pousava sólido, mas era todo líquido, se derramando. Não, não ia chorar. Despedira-se, digno, da mãe, com quem podia fraquejar, ainda em seu espaço, e, nesse outro, estrangeiro, tinha de se conter perante o pai.

Deu-se, enfim, a hora dele e da avó. Ia começar a eternindade. Ela, ciente de seus sentimentos, não o mirava com imensidão, mas miudamente, disfarçando, como se não visse o seu desencanto. E, já que o menino não escolhera estar ali, ela quis lhe oferecer outras alternativas, a cor da toalha de banho, Azul ou verde?, a cama onde dormiria, A de solteiro ou a de casal, comigo? o lanche da tarde, Pipoca ou cachorro quente? e o neto nas suas preferências, menos triste, mas ainda remoto. Decidiu deixá-lo em seus silêncios. Estou lá no quintal, ela disse, e saiu pela porta da cozinha.

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