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quarta-feira, abril 30, 2008
Mann
O homem não vive somente a sua vida individual; consciente ou inconscientemente participa da vida de sua época e dos seus contemporâneas. Até mesmo uma pessoa inclinada a julgar absolutas e naturais as bases gerais e ultrapessoais se sua existência, e que da idéia de criticá-las permaneça tão distante quanto o bom Hans Castorp –até uma pessoa assim pode facilmente sentir seu bem-estar moral um tanto diminuído pelos defeitos inerentes a essas bases. O indivíduo pode visar a numerosos objetivos pessoais, finalidades, esperanças, perspectivas que lhe dêem o impulso para grandes esforços e elevadas atividades mas, quando o elemento impessoal que o rodeia, quando o próprio tempo, não obstante toda a agitação exterior, carece de um fundo de esperanças e perspectivas, quando se lhe revela como despertador, desorientado e falto de saída, e responde com um silêncio vazio à pergunta que se faz consciente ou inconscientemente, mas que em todo caso se faz, a pergunta pelo sentido supremo, ultrapessoal e absoluto, de toda a atividade e de todo o esforço – então se torna inevitável, justamente entre as naturezas mais retas, e efeito paralisador desse estado de coisas, e esse efeito será capaz de ir além do domínio da alma e da moral, e de afetar a própria parte física e orgânica do indivíduo. Para um homem se dispor a empreender uma obra que ultrapasse a medida das absolutas necessidades, sem que a época saiba uma resposta satisfatória à pergunta “Para quê?”, é indispensável ou um isolamento moral e uma independência, como raras vezes se encontram e têm um quê heróico, ou então uma vitalidade muito robusta.
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